Retomo aquela vontade efêmera de escrever. Porque as palavras escritas me são a única ferramenta. Guardei por tempos o instinto de me auto criticar, mas não posso mais conter a imensa necessidade de me colocar novamente em contato com o meu único mundo exterior. Não nego que busquei outras mais formas de contato. Mas essa sempre se fez a mais adequada. Enquanto escrevo, posso abrir espaços dentro de mim para novas análises. Despejo tudo - em partes - o que sou para poder, então, ser mais. Não paro, não posso estagnar. É de minha mais profunda natureza buscar a essência nas palavras. Pois elas estão aqui - têm sua forma exata. Gosto do ar misterioso dos olhares e da sensação confortante dos sentimentos. Mas é nas palavras que encontro a (minha) maior plenitude. Pois que elas brotem, nasçam, que sua natureza permita criação.

          Escrevo hoje porque sinto a intensa vontade de viver amanhã. Não consigo mais me contentar com a vida sendo vivida pelo medo. Não posso mais assistir o mundo a minha volta como de uma cela de prisão. Sinto uma incontrolável vontade de viver, vontade de ser. Minha insegurança ainda me consome o ânimo da vida. Mas meu desejo de superá-la é o que me mantém viva, no sentido mais completo da palavra. Quero ir além, preciso dessa liberdade. Uma liberdade incondicional, uma liberdade de espírito e mente. Nada além de ser eu mesma. Nada além de poder mudar o que sou a cada dia - e viver as peculiaridades de cada eu que possuo em mim.

          Deixei de buscar a minha própria satisfação e completa felicidade para sucumbir novamente à prisão da insegurança. Agora vejo o quão essencial é egoisticamente amar-se a si mesmo em segundo plano, atrás apenas dEle. Ninguém irá tirar o meu posto de mim mesma. Eu mereço a minha atenção e ternura e vou buscá-la até alcançar a diversidade toda que existe dentro de mim - é meu. E que não me venham tentar controlar essa determinação. Sou de um gênio particular. Fui boa, sou boa. Mas quero ser o todo junto a essa bondade.

Comentários