ninho

gosto de como seu coração sorri.
você ja viu? ele é tão bonito! vem cá, olha pra ele do jeitinho que ele é, do jeitinho que eu vejo. ta vendo? e ele pulsa tão, tão forte que me abraça apertado toda vez que aconchego meu sono nas asas do seu peito. chega a ser engraçado, confesso: me perco toda nos seus carinhos pra logo me encontrar ao te acarinhar. mas a verdade é que eu gosto da verdade que seus olhos entregam quando olham fundo. não sei bem pra onde eles levam (me conta?), mas o universo tem dessas... quando achamos que a sobriedade do mundo é intragável, de repente ele nos mostra que esse chão aqui é firme, que dá pra pisar, que dá pra respirar de cima dele. no fundo, é um jeito malandro desse tal universo escancarar todo o espaço que o vazio ocupa. e se já não tem mais espaço pra tanto vazio, vai ocupar com o que? mas passarinho já nasce sabendo voar. passarinho não pode esquecer que é dono dos céus, que se joga sem medo de conquistar longínquos ares e volta pro ninho que é todo e só seu, de mais ninguém. aliás, gosto tanto de como você brinca com os sons, eles rasgam o silêncio atrás de calor. já percebeu? você nem imagina como é bonito o sorriso do seu coração. sente como esse chão é quentinho? é doce, me lembra seu canto. me dá sua mão, pisa aqui comigo. sente? ele tá aqui sob seus pés pra ser trampolim do seu vôo. gosto tanto, tanto!, que queria lhe emprestar um pouquinho de você, pra que pudesse sentir toda vida que sua presença desperta. e pra que você soubesse que me faz tão bem que já nem sei mais o que é gostar se não for de voar com você.