Às vezes a gente acha que dá conta da
imensidão dos sentimentos e da infinitude das paixões que vêm e vão,
desalinhadas. A gente acredita ser possível viver o todo de uma vez, acredita
que cada ser que nos compõe é independente, auto suficiente, capaz de seguir e
arcar com as consequências de todos os seus instintos mais gentios. Ludibriado,
vê-se o eu maior a si mesmo como pleno em sua capacidade de amar e ser amado.
Pensa ser hábil na leveza de ser, ver e viver essa e outras dimensões
passionais como gato, que sempre cai em pé. Olha para a inconsistência dos
próprios atos e culpa a inconsciência madrigal, quando, na verdade, à sombra do
consciente é que se elevam, profundas, as emoções mais irracionais do eu.
Ilusórias, as certezas se perdem. Amores discretos, amores dispersos, amores perdidos. Ascende no horizonte um apelo por clareza, cria-se uma ode à percepção
intuitiva, um ritual de agradecimento à sensatez. No fundo, são tentativas sutis de se desprender da sombra em direção à luz, uma busca por libertação para seguir caminhos
prósperos. A gente sabe que é tempo de deixar ir, é tempo de se realinhar à
abundância. E, mesmo assim, o pensamento ainda é fraco diante de tantos sentidos.
Que Saturno e a Lua (em seu eclipse aquariano) nos guiem nesse desprendimento.
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